Menção Honrosa: Dionnéia Marta Melo Ferreira, com o texto "Nelson, o
velho líder", orientado pela professora Tarciana Sena, da Unidade
Escolar José Narciso da Rocha Filho.
Veja o Texto e as fotos abaixo:
I Prêmio Acalpi de Cultura:
“ A participação política e administrativa de Nelson Coelho de Resende na historia de Piripiri.”
Nelson, O Velho Líder
Carla Nogueira
Em
uma Vilazinha, em local geograficamente acidentado, no norte do Piauí,
onde crescia verde o capim Peripery. Que tinha um povo trabalhador e
hospitaleiro que sofria com as constantes secas, e em sua maioria,
morava em casas de taipa cobertas com palha, onde o que os mantinha
vivos era a fé no “Criador”. E foi nesse cenário que nasceu a figura de
Nelson Coelho de Resende, em 1881.
Era
filho do Cel. Antonio Coelho de Resende, comerciante e político famoso
na região, alem de chefe do Partido Conservador de Peripery, com
Filomena Rosa de Melo. Teve uma infância tranquila ao lado dos irmãos,
correndo de pés descalços nas ruas de terra, banhando em algumas cheias
do Anajás e comendo as frutas
de época direto do pomar. Quando tinha entre oito e nove anos, chegou a
vila, a ordem para adesão a República, seu pai foi nomeado para compor o
Conselho de Intendência até 1892, quando foi eleito para o cargo de
Intendente, no período de 1892/1896. Começava ai a florescer, em Nelson,
o embrião da política, herdado do pai.
Com
o passar dos anos, através de sua perseverança e trabalho árduo o rapaz
torna–se comerciante e mais tarde Coronel do Exercito. Apaixona-se por
uma jovem formosa e graciosa, Carlota Amélia de Resende, com quem
constrói uma relação de afeto, confiança e companheirismo, e como fruto
dessa união nasce Adauto Coelho de Resende.
No
dia 04 de julho de 1910, uma das maiores alegrias, não só para ele mas
para toda a população, a vila Peripery é elevada a categoria de cidade,
segundo a Lei n° 570, promulgada pelo governador do Estado, Antonio
Freire da Silva. Via-se os homens nos botecos comentando, entre um gole e
outro de cachaça sobre o ocorrido, as mulheres que não entendiam muito
sobre política, ficavam nas frentes das casas comentando sobre o que
seus maridos lhe falavam, e os meninos ficavam brincando sem nem saber o
que estava acontecendo, só sabiam que era algo muito bom.
A
famosa seca de 1915 atinge o nordeste brasileiro, não havia lugar com
água em abundancia como hoje é o caso do Caldeirão, a aridez era tamanha
que via se crianças e velhos morrendo, plantações e criações sucumbindo
por toda parte, as pessoas viviam em condições desumanas, famintos não
só de comida, mas também de educação, pobres, maltratados pelo destino.
Seu irmão Domingos Coelho de Melo Resende é eleito Intendente do
município em 1925/28, fazendo com que suas pretensões políticas
aumentassem. Em 1929 os chefes do executivo passam a ser chamados de
prefeito e vice-prefeito.
Nelson
passa por uma perda inestimável. Cel. Antônio Coelho de Resende, seu
pai, mais que isso, era seu alicerce, quem lhe deu a mão nos momentos
mais difíceis, quem o fez ser o que era, falece em 1928, aos 83 anos.
Consolado por sua esposa e filho ele segue em frente. E dois anos depois
da morte de seu pai, após a queda de Washington Luis Pereira de Souza que
até então era o Presidente da Republica, Getúlio Vargas assume a
presidência colocando membros ou pessoas ligadas ao exercito como
governantes, ou que eram a favor da política do Estado Novo, que
defendia um estado forte e centralizado. Essa foi a primeira vez que o
Coronel foi nomeado para a prefeitura de Piripiri.
Em
1932, o flagelo seca novamente devasta Peripery, a aridez traz perdas
não só materiais mas também humanas, e em maiores proporções que as
causadas em 1915. Permanece na
prefeitura até 1934 e em 1935 é eleito deputado estadual, comunica ao
governador a construção do açude Caldeirão, a primeira obra importante
do Instituto Federal de Obras Contra a Seca (IFOCS), mais tarde chamado
de Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS), para a Cidade,
que novamente trouxe esperança de uma vida melhor, sem que o fantasma da
seca pudesse amedrontar a população.
Junto
com o amigo fraterno, Osíris Neves de Melo e outros membros da elite,
compôs o PSD ( Partido Social Democrático ). Em 1937, após a implantação
do Estado Novo, novamente foi nomeado prefeito para o período de 03 .
12 . 1937 a 21 . 11 . 1945. Mesmo licenciando-se no período de 25 de
junho a 10 julho de 1938, realizou feitos muito importantes, que assim
como o governo Vargas, que foi marcado por avanços nas políticas sociais
e econômicas, dentre as quais podemos destacar as inaugurações a
subagência do Banco do Brasil e do grupo escolar Cassiana Rocha, com a
ajuda financeira do Cel. Jose Narciso da Rocha Filho, outras obras que
também merecem destaque são elas, as inaugurações do Cemitério São
Francisco, do calçamento da Rua João de Freitas e deum obelisco marcando
o local onde estava a Primeira Capela de N.S do Rosário e o tumulo de
Pe. Freitas, alem de instalar a biblioteca popular no edifício da
prefeitura, numa luta para trazer progresso e evolução, batalha
ardorosa, e por vezes quixotesca, levando a toda população a luz do
conhecimento. Ainda neste mandato em 22 de novembro de 1938 foi criada a
comarca de Peripery. E após uma resolução do IBGE, a cidade passou a
ser chamada de Piripiri.
João
Coelho Resende, homem arbitrário, fazendeiro temido na região, outro
irmãos do Personagem, torna-se um de seus oponentes ferrenhos, que foi
nomeado para prefeitura (05.05.19947 – 15.01.1948), e desde então houve
um constante período de conflitos entre os partidos POU (Partido da
Oposição Udenista), que João era um dos principais lideres e o PSD,
tirando o fato de não serem gêmeos pode-se associar os irmãos aos
personagens machadianos, Esaú e Jacó, que estavam em constante pé de
guerra, que eram de personalidades contrarias.
Após
receber inúmeras descomposturas, e artigos o desmoralizando, Nelson
Coelho de Resende, o valente correligionário, sofreu a injustiça, nos
arrancos de desaforos que o maltratavam impiedosamente, abrindo feridas
profundas na alma e levando-o a um mal irremediável em 1959, sua morte,
deixando um enorme vazio nos corações dos familiares e do povo que vivia
na “Cidade dos Quatro Is”. No entanto, aquele que se alimenta de sonhos
e os distribui generosamente nunca morrem, pois fica viva a chama dos
feitos nos ecos da historia.